Há 10 anos, em um dia 28 de abril de 2009, em uma ação organizada por militantes do antigo grupo anarquista Vermelho e Negro e da tendência combativa Coletivo Quilombo/Resistência Popular, ocupávamos uma casa no centro de Feira de Santana que já se encontrava abandonada há quase 20 anos por problemas de dívidas dos antigos proprietários com bancos, iniciamos os trabalhos coletivos de limpeza e reforma do espaço que inicialmente chamamos de Kasa Okupada.
O projeto militante que hoje assume a Casa da Resistência remonta ao início dos anos 2000, a partir do Centro de Cultura Libertária – Fábio Luz (CCL-FL), da organização de juventude Resistência Operária Estudantil (ROE) e das grandes mobilizações de estudantes, movimentos populares e sindicais entre 2002 e 2003 que culminaram na tomada da prefeitura de Feira de Santana e na vitória dos movimentos sociais, processo seguido da construção da Associação Feirense de Estudantes Secundaristas (AFES), dos grêmios nas escolas publicas e de um movimento estudantil secundarista combativo e com uma grande capacidade de mobilização de base e enfrentamento, ao que se seguiu a construção do Coletivo Quilombo, que organizou lutas de estudantes na Universidade, trabalhos com educação popular e movimento sem teto, além da participação nos espaços do ELAOPA (Encontro Latino Americano de Organizações Populares Autônomas) e parte na construção da Resistência Popular. Nesse período foram dezenas de lutas combativas, ações de rua, greves, barricadas e ocupações e nos fizemos presentes organizando ou apoiando lutas por educação, transporte público, antirracista, de trabalhadores, indígenas, camponeses pobres e sem teto. Paralelamente entre 2005 e 2010 se constitui o grupo anarquista Vermelho em Negro – FAO (Fórum do Anarquismo Organizado) e o antigo Espaço Rebeldia, que funcionou até 2009 e precedeu a Casa da Resistência.
Com o fim das agrupações que geriam a Casa, a partir de 2015 tomamos um novo fôlego com a participação na organização da III Marcha Internacional Contra o Genocídio do Povo Negro e passamos a integrar a Campanha Reaja ou Será Morta/o, como seção do interior, e após a saída da Reaja e a heroica resistência na ocupação combativa contra as obras do BRT, a Casa evoluiu para um híbrido de centro de cultura e organização popular autônoma e comunitária, participando do II ENOPES (Encontro Nacional de Oposições Populares, Estudantis e Sindicais) em 2017 e passando a construir a Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil – FOB.
Nesse 1º de Maio, exatamente 10 anos após a primeira atividade que inaugurou nosso centro de cultura e luta, além do exercício de memória para honrar os mártires operários assassinados, as lutas dos povos contra o capitalismo e seu Estado e da celebração de uma década de existência do nosso projeto militante entre avanços e dificuldades, convidamos os lutadores e as lutadoras, militantes sociais e nossos simpatizantes e colaboradores/as, para um debate aberto sobre aspectos da conjuntura nacional e local, balanço dos 10 anos da Casa da Resistência, apresentação da FOB e do sindicalismo revolucionário na Bahia e uma plenária para avançar na construção de uma alternativa popular e revolucionária na Bahia e de um necessário programa capaz de enfrentar a barbárie neoliberal, o fascismo institucional e o terrorismo de Estado, organizar as lutas combativas do nosso povo, a partir da autodefesa e da autogestão, e construir uma ruptura revolucionária e socialista com esse sistema brutal e cruel contra nossa gente.
SOMOS RESISTÊNCIA! NAS LUTAS CONCRETAS DE NOSSA GENTE, CONSTRUIR CAMINHOS DE LIBERTAÇÃO! VIVA OS 10 ANOS DA CASA DA RESISTÊNCIA!