A Biblioteca Popular Aloísio Resende foi fundada em 2016 como um dos projetos autogestionários da Casa da Resistência, funcionando em dos nossos espaços como uma biblioteca comunitária aberta ao público no centro da cidade, reunindo acervos da antiga biblioteca do Espaço Rebeldia (2005-2009) e outros grupos, além de novos aportes solidários de obras e uma campanha permanente de doação de livros.
Com um acervo voltado para o pensamento crítico e as ciências humanas, concentrando mais de mil obras principalmente nas áreas de literatura brasileira, história e sociologia, a Biblioteca Popular Aloísio Resende funciona a partir do trabalho voluntário de militantes e apoiadores/as da Casa da Resistência, parcerias comunitárias, doações e campanhas solidárias.
Desde a fundação da nossa biblioteca popular temos realizados Cursos de Formação Militante, espaços de leitura coletiva e debates abertos ao público, além de uma dinâmica permanente de empréstimos de obras e doações de livros para projeto educação comunitária. A partir de 2018, impulsionamos também nossa própria editora, o Editorial Adandé, com a produção e impressão de livros em nossa própria cooperativa gráfica, e o Sebo Vagamundo, uma iniciativa comunitária de economia solidária, com livros novos, seminovos e usados de temáticas variadas, com trocas e preços populares em uma banca itinerante e ponto fixo em nossa biblioteca.
Nascido em Feira de Santana em dia 26 de outubro de 1900, Aloísio Resende, o “Poeta dos Candomblés”, que fez dos seus versos resistência e memória do nosso povo é o nome que escolhemos homenagear em nossa Biblioteca Popular. Zinho Faúla, como também era conhecido o poeta de origem humilde que, como tantos outros descendentes de africanos, não desfrutou integralmente de uma educação formal e encontrou no jornalismo o ambiente propício à expansão do seu talento como homem das letras. Autodidata, na juventude residiu em Recife, onde deu os passos iniciais no jornalismo, e em seguida se mudou para Salvador sendo admitido no jornal A Hora. Retornou para Feira de Santana nos anos 1930 e ingressou na Folha do Norte, órgão no qual trabalhou até sua morte, aos 40 anos, em 12 de janeiro de 1941.
Enquanto viveu, Aloísio não viu seus poemas editados em livro, tendo publicado apenas na imprensa, sobretudo no período entre 1928 e 1940, com sua produção marcada pela crônica da vida negra e sertaneja, na medida em que se voltou para temas cotidianos como o cangaço e as manifestações religiosas afro-brasileiras. Zinho Faúla foi também um construtor de sonetos e ao mesmo tempo um homem do povo empenhado em cantar os candomblés e a herança dos ancestrais. Sempre associado à imagem do boêmio foi um autor controvertido e renegado pelas elites.
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