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Dentro da Rebelião Negra nos EUA: entrevista com o RAM

Entrevista concedida por e-mail pelos camaradas do RAM de Nova York para a Casa da Resistência, publicada originalmente no site da FOB. O Movimento Abolicionista Revolucionário (RAM, na sigla em inglês) participa diretamente em diversas cidades da histórica insurgência negra e antirracista que abala as estruturas da América racista, da supremacia branca e do capital, um levante que contagia o mundo com a luta antirracista no centro do imperialismo.

Irmãos e irmãs do RAM, primeiro gostaríamos que apresentassem o Movimento Abolicionista Revolucionário e suas atividades como organização revolucionária, anticolonial e internacionalista contra a supremacia branca e o capitalismo na Amérika racista e centro do imperialismo.

RAM: Nós estamos muito felizes em conversar com vocês sobre o que está acontecendo por aqui, especialmente porque nossas organizações terem objetivos e finalidades similares em cada uma de nossas localidades. Nós somos anarquistas revolucionários. Nosso objetivo é trabalhar ao lado dos que são oprimidos pelos Estados Unidos da América, é apoiar a rebelião, é construir contrapoder revolucionário para destruir este Estado, para que as pessoas possam viver com dignidade aqui e em outros lugares. Nós temos seções de nossa organização em diversas cidades e nos organizamos de forma descentralizada, para construirmos núcleos em diferentes locais que possam se organizar de acordo com as condições específicas de cada localidade. O que carregamos em comum na nossa organização é o fato de acreditarmos que os EUA foi estruturado com base na supremacia branca, e este ethos está tão enraizado neste país, que precisa ser destruído para a libertação do povo. Aliás, é através desse processo de destruição que podemos nos desenvolver e encontrar nosso poder novamente.

Durante os momentos de calmaria, nos organizamos principalmente com pessoas encarceradas, negros e latinos que cumprem muitos anos de prisão, frequentemente sendo submetidos à tortura e a execução por pequenos delitos. Nós temos um projeto através do qual enviamos materiais políticos para as pessoas presas, o que conduziu para relações duradouras e alinhamento político. Nós apoiamos a resistência nas prisões, como nas recentes greves de presos. Nós pretendemos aprofundar essas relações para que possamos nos organizar com os internos, com objetivo de erradicar todo o sistema prisional. Também realizamos projetos comunitários, como arrecadações para fundos comunitários, doações de alimentos e educação política através de exibição de vídeos, filmes e documentários, e por meio de grupos de estudos. A ideia é construir relações com todos e todas que se identifiquem e carreguem as marcas da cólera do Estado. Por muito tempo sentimos que havia uma parte significativa do povo que se levantaria para lutar, caso houvesse chance de vitória. As recentes insurreições demonstraram que a vitória é possível, e abriram um novo caminho de resistência.

Como participam e avaliam essa nova rebelião negra e antirracista contra a brutalidade policial nos EUA, a partir do assassinato de George Floyd em Minneapolis, como ela vai se estendendo por outras cidades e estados do país e vai se encaminhando para ser o maior levante negro desde a rebelião iniciada em Los Angeles em 1992?

RAM: Esta nova insurreição negra nos Estados Unidos é sem dúvida uma das coisas mais importantes de nossas vidas. É importante lembrar que o assassinato de George Floyd não é um caso isolado neste país. O assassinato de pessoas negras por policiais, brancos racistas, e por pessoas armadas por agentes da repressão* é algo tão comum que dificilmente se transforma em uma grande notícia. No entanto, recentemente tem aparecido muitos relatos recorrentes de violência dos supremacistas brancos, como o assassinato de Ahmaud Arbery e o incidente de Amy Cooper Central Park (quando uma mulher branca chamou a polícia acusando injustamente um homem negro de ameaçá-la fisicamente). Estes acontecimentos, junto ao violento assassinato de George Floyd, formaram a tempestade perfeita. O que começou como um protesto contra a polícia se transformou em uma das maiores insurreições já vistas neste país. No primeiro dia em Minneapolis, começaram os confrontos com a polícia. No segundo dia, o movimento começou a queimar empresas capitalistas, enquanto seguiam os enfrentamentos contra a polícia ao mesmo tempo em que diversas lojas eram expropriadas. Neste momento, a maior parte de nós já havia percebido a intensidade dessa luta, e sabíamos que era necessário agir. Três dias após o assassinato de George Floyd, a 3ª Delegacia da Polícia de Minneapolis foi completamente incendiada e a polícia fugiu amedrontada, enquanto a rebelião tomava o controle das ruas. Isso foi um sinal para todo mundo ao redor do país e, atualmente, pessoas ao redor do mundo inteiro perceberam que a luta nos EUA estava verdadeiramente ativa.

Em Nova York, o movimento nas ruas foi mais combativo do que qualquer coisa que havíamos visto. Os bairros ricos foram totalmente saqueados. A imprensa capitalista e os porcos de farda argumentaram que era oportunismo, mas o povo sabe que esses bairros são a causa da nossa miséria, e por isso viraram um alvo da luta de classes. A Polícia de Nova Iorque (NYPD) é de longe a maior do país: conta com mais de 35.000 policiais. É uma polícia que tem uma história bem conhecida pelo terror que causa nas ruas e em suas delegacias. Mas essa insurreição é um dos primeiros momentos em que podemos ver as pessoas perdendo o medo destes fascistas, os confrontando, os atacando e os expulsando dos bairros. Soho (bairro nobre de Manhattan conhecido por abrigar lojas de luxo e grandes cadeias de lojas transnacionais), por exemplo, foi saqueado porque os porcos assumiram uma posição defensiva e estavam com muito medo para revidar. Esta resistência irá deixar o país marcado permanentemente. Outro fato importante é que lugares onde nunca antes ocorreram grandes levantes ou protestos no geral estiveram na linha de frente do movimento. Cidades em Ohio, Kentucky, Georgia, e Dakota do Sul tiveram grandes ações e algumas muito combativas.

Existem algumas coisas que queremos esclarecer. Os principais impulsionadores desta insurreição não foram os movimentos, foi a juventude negra. A juventude negra demonstrou um dinamismo e um destemor que há muito tempo não se via nos movimentos dos EUA. Também podemos dizer que essa energia não irá embora tão cedo. No nosso texto “Queime as Grandes Plantações dos Estados Unidos”, escrevemos: “a luta do povo negro tem o potencial de desencadear uma resposta para toda a violência sobre a vida dos negros/as e devolvê-la ao país inteiro”. É por isso que o governo, os liberais, a polícia, a indústria do entretenimento, ONGs, e todos os administradores da sociedade capitalista estão fazendo o que podem para forçar uma linha reformista. Mas não irá funcionar.

Como avaliam a situação da Covid-19 nos EUA, que agora junto com o Brasil são os centros da pandemia no mundo, e como entendem a ofensiva repressiva do governo Donald Trump contra as organizações revolucionárias e antifascistas e a repressão do governo que já deixou alguns mortos nos protestos?

RAM: É uma afronta contra a humanidade o fato de que Trump e Bolsonaro intencionalmente diminuíram a seriedade da crise do COVID-19, o que resultou em muitas mortes desnecessárias. Aqui nos EUA não houve nenhuma medida de prevenção, ainda que as notícias tenham chegado com antecedência. Os EUA não levaram a doença a sério, a tal ponto que o Centro de Controle de Doenças advertia as pessoas para não utilizarem máscaras, no momento em que a crise do coronavírus estava explodindo. Além disso, em Nova Iorque, onde nosso núcleo está sediado, a cidade parou muito rapidamente e sem nenhuma preparação, o que resultou em demissões em massa e nenhuma assistência financeira significativa, nenhuma suspensão de aluguéis e demais contas básicas, e nenhum auxílio de alimentação. Como a cidade estava completamente despreparada, muitas pessoas morreram. Isso significa que muitas pessoas perderam alguém que amam, adoeceram, e tiveram que lidar com a fome e com o distanciamento. O peso psicológico dessa crise também foi muito pesado. Tantas pessoas morreram, que tiveram que ser colocadas em caminhões refrigerados do lado de fora dos hospitais. Trabalhadores tiveram que carregar os corpos de seus vizinhos e amigos, identificados apenas com um número, para dentro e para fora dos caminhões. Pessoas que trabalhavam nos hospitais não tinham equipamento de proteção e havia grande escassez de ventiladores pulmonares e suprimentos nos hospitais. Este resultado terrível foi claramente uma consequência da ignorância do estado. Aliás, o prefeito da Cidade de Nova Iorque e o governador pediram desculpas pela crise alegando desconhecerem os efeitos do COVID-19. Enquanto isso, o COVID-19 se tornou uma grande desculpa para o Estado reprimir ainda mais os oprimidos. Houveram muitos espancamentos amplamente noticiados de jovens negros por não usarem máscara, e muitas outras atrocidades que nunca foram publicizadas. A polícia se tornou ainda mais agressiva nos Conjuntos Habitacionais e nas comunidades pobres. Deste modo, as pessoas não só estavam sofrendo por causa da doença e das mortes provocadas pelos governos municipais, estaduais e federais, mas também estavam sendo brutalizadas nos seus bairros. Isso, e os contínuos assassinatos racistas provocados por policiais ao redor dos EUA (mais de 1 por dia), que conduziram às incríveis insurreições que vimos emergir após o assassinato de George Floyd.

Na sequência dos acontecimentos, Donald Trump quis criminalizar os anarquistas e os antifas. Essa é uma típica tática de contra insurgência utilizada nos EUA: identificar os extremistas, tentar separá-los do povo e depois culpá-los pela instabilidade e pelos levantes. As pessoas que foram presas durante as insurreições denunciaram que foram questionados sobre os antifas por agentes federais. Trump estava mirando os antifas desde que o movimento organizou a resistência contra seus eventos de campanha, contra a inauguração de seu mandato, e contra algumas de suas políticas mais graves (como a criação de uma rede de campos de concentração ao redor do país, os ICEs). Na verdade, anarquistas e antifascistas não foram responsáveis por este levante. Nós somos responsáveis por nos solidarizarmos com a luta de libertação do povo negro. Também somos responsáveis por popularizar algumas frases e pela ideia de abolição da polícia e das prisões. Somos tão responsáveis por tudo isso quanto qualquer outra pessoa resolutamente antirracista. Quem foi realmente responsável por essa situação foi a polícia, os agentes penitenciários, os capitalistas e os políticos, que afirmam que as vidas negras não importam neste país. A sociedade civil branca que criminaliza a vida negra é responsável. Nós simplesmente nos colocamos ao lado da resistência. Recentemente, o FBI lançou um relatório afirmando que os anarquistas não foram responsáveis, mas ridiculamente culpabilizaram as “gangues”. Trump também estava pronto para a guerra contra a rebelião. A Guarda Nacional foi chamada antes e depois que os incríveis lutadores de Minneapolis revidaram. Trump anunciou que o exército seria chamado. Neste momento, oficiais militares o desafiaram e esse foi um momento interessante para percebermos as rachaduras do Estado. Nós lembraremos disso no futuro. No entanto, uma forma ainda mais efetiva e perniciosa de repressão veio da esquerda institucional. Houve um movimento orquestrado da mídia corporativa, dos políticos democratas e das ONGs. Eles organizaram protestos que apelavam para sentimentos liberais: reforma, não revolução; convencer departamentos de polícia ao redor do país com uma campanha pública para “se ajoelharem”, como a famosa atitude de Colin Kaepernick; rodar uma narrativa midiática de que os saqueadores estavam ferindo pessoas e atacando pequenos negócios, tirando vantagem das divergências políticas. A ideia era afunilar a energia dos manifestantes liberais em algo que fosse servil à agenda dos Democratas, e criar uma base de poder para eles em suas negociações em curso com os direitistas Republicanos. Essa tática foi muito mais efetiva para acalmar os movimentos de rua. Onde antes se encontrava policiais cada vez mais às margens da manifestação, agora podem ser vistos em meio à multidão. No entanto, esta é uma falsa paz.

Podemos ver, a partir de nossa experiência nas ruas que algo realmente se transformou. As pessoas revidaram contra os opressores, e encontraram um poder incrível nas ruas. As coisas ficaram um pouco mais silenciosas agora, mas é uma situação temporária porque não há reforma que possa modificar as estruturas do Estado. As pessoas se levantarão novamente.

Por fim, pedimos que deixem aos lutadores e lutadoras revolucionários/as e anticolonialistas do Brasil uma mensagem do RAM para as lutas combativas e antifascistas que se iniciam aqui contra o governo genocida de extrema-direita de Jair Bolsonaro, aliado do neonazista Donald Trump.

RAM: Saudações revolucionárias, camaradas! Aqui nos EUA nós estamos enfrentando um dos Estados mais avançados em termos de tecnologia, repressão e violência na história da humanidade. Também estamos vivendo entre uma população que em parte possui um grande alinhamento ao fascismo. Mesmo contra estas adversidades, conseguimos empurrar este país ao seu limite. Fizemos Donald Trump se esconder como um covarde no bunker da Casa Branca. Para cada passo atrás que demos, avançamos muitos outros à frente. Estamos acompanhando de perto a situação do Brasil e cultivamos amor e respeito por vocês. Nós acreditamos ter compreendido bem suas lutas. Em ambos os países enfrentamos líderes perversos no poder, mas se continuarmos lutando nós vamos vencer. O povo reconhece que estamos certos. Quando estes governos caírem e jogarmos estes fascistas de volta para os buracos de onde saíram, podemos construir um novo mundo mais digno. Solidariedade, camaradas.

* Do original, deputized people, o ato de um policial ou outras forças militares concederem armas à cidadãos comuns para auxiliar a captura ou assassinato de “suspeitos”, ou com a justificativa de manutenção da ordem. A concessão de armas é historicamente associada a figura dos “xerifes”, e é também conhecida como posse comitatus.

VERSÃO EM INGLÊS

Brothers and sisters of RAM, first of all we would like you to present the Revolutionary Abolitionist Movement and your activities as a revolutionary, anti-colonial and internationalist movement against white supremacy and capitalism in the racist Amerika, the heart of imperialism.

RAM: We are very happy to talk with you about what is happening here especially because our groups have similar aims and objectives in each of our locations.

We are revolutionary anarchists. Our objective is to work alongside all of those who are oppressed by the United States, to help support rebellion, and to build revolutionary counter-power so that we can destroy this state and people can live with dignity both here and abroad. We have chapters in several cities and organize along decentralized lines, so that we can build hubs in different locales that can be organized according to the specific conditions in each place. The similarity between the groups is that we believe the US was built on a foundation of white supremacy and that ethos is embedded so deeply in the country, that it must be destroyed for people to achieve liberation. In fact, it is through the process of destroying that we can develop ourselves and find our power again.

During the calm moments, we organize primarily with people who are incarcerated. Black and brown people do incredible amounts of jail time, often facing torture and execution, for very small infractions of the law. We have a project where we send political literature to people who are locked up, which has led to longterm relationships and political alignment. We support jail resistance, like the recent prison strikes. And we intend to build these relationships further so we can organize together with people inside so we can eradicate the prison system altogether. We also do community projects, like a community bail fund, food giveaways, and political education like film screenings and study groups. The idea is that we want to build relationships with everyone who feels similarly and who bares the burnt of the wrath of the state.

For a longtime we have felt that there is a significant part of the population who would rise up and fight if they felt that the fight could be won. The recent uprisings have shown that to be true and opened up a new path of resistance.

What is your understanding and your participation in this new black and anti-racist insurgency against police brutality in the USA, since the murder of George Floyd in Minneapolis? How does the insurgency spread to other parts of the country, heading to be the greatest black uprising since the Los Angeles riots in 1992?

RAM: This new black uprising is one of the most important developments in any of our lifetimes in the United States. The murder of George Floyd, we should remember, is not even an odd occurrence in this country. The murder of black people by the police, white racists, and deputized citizens is so common place that often it hardly becomes a big news story. Recently though, there has been back to back stories of white supremacist violence – with the murder of Ahmaud Arbery and the Amy Cooper Central Park incident (where a white woman called police pretending to be in distress).

These incidents along with the viciousness of George Floyd’s murder made the perfect storm. What started out as protest against the police immediately turned into one of the biggest uprisings the country has ever seen. The first day in Minneapolis clashes with the police began. The second day the movement began burning down capitalist businesses, clashing with police, and expropriating goods from stores. By this time most of us realized the intensity of the struggle and knew we needed to act. Three days after George Floyd was killed the third precinct in Minneapolis was burned to the ground, the police fled for their lives, and the rebellion, essentially took control of the streets.

This was a sign to everyone in the country, and in actuality, to people around the world that the struggle in the United States was now truly active. In New York City, the movement in the streets was more militant than anything we have ever seen. The wealthy districts were totally looted. The capitalist press and the pigs argued that this opportunistic, but people knew these neighborhoods were part of the cause of their misery, and they were targeted in the class struggle. The NYPD has over 35,000 police officers, making it the largest force in the country by far. The police also have a well known reign of terror in the streets and in their facilities. This uprising is one of the first times we have seen people lose all their fear of these fascists, confront them, beat them, and push them out of neighborhoods. Soho, for instance, was looted because the pigs took a defensive position and were too scared to actively fight back.  This resistance will leave a mark on the country indefinitely.

One other important fact is that places that have never had huge uprisings, or protest movements in general, were at the forefront of the movement.  Towns in Ohio, Kentucky, Georgia, and South Dakota, all had pretty big actions, and some were rather militant.

There are a few things we would like to make clear. The main momentum from these uprisings were not from the movements, but from the black youth. The black youth demonstrated a dynamism and fearlessness that has been long missing from the movements in the US. We can also tell that this energy will not go away for long! In our text, Burn Down the American Plantation, we wrote “the black struggle has the potential to unleash the all-encompassing violence that is black life back onto the entire country.” This is why the government, liberals, police, the entertainment industry, non-profits, and all the managers in society are doing their best to push for reform. But it won’t work.

How do you see the COVID-19 pandemic in the USA, that together with Brazil is leading the major part of the infections across the world? Furthermore, can you speak about the repressive offensive led by Donald Trump against the revolutionary and anti-fascist organizations, that resulted in dead people at the protests?

RAM: It is an affront to humanity that presidents Tump and Bolsonaro have intentionally dismissed the seriousness of the COVID-19 crisis, leading to so many unnecessary deaths. Here there was no preparations whatsoever, even though there was advance notice. The US didn’t take the disease seriously so at the outbreak of the crisis, the Center for Disease Control was advising people not to wear masks. Additionally in New York City, where our chapter is based, the city was shut down very quickly and without preparation, so many people were fired from their jobs, and there was no financial assistance of any significance, no halt on rent and utility payments, and no help with food. Because the city was completely unprepared, so many people died. This means that so many people lost loved ones, got sick, and were dealing with hunger and alienation. The psychological weight of the crisis was also very heavy. So many people were dying that they had to be put in refrigerated trucks outside hospitals. Workers attested to carrying the bodies of their neighbors and friends, identified by only a number, into and out of the trucks. People who worked in hospitals didn’t have protective gear and there was a massive shortage of ventilators and hospital supplies. This horrific result was clearly a result of the state’s ignorance. In fact, the New York City mayor and governor excused themselves from the crisis by pleading ignorance of the effects of COVID-19.

In the meantime, COVID-19 became an excuse for the state to further crack down on oppressed people. There were many highly publicized beatings of black youth for not wearing masks and many more of these atrocities that were never publicized. Police became even more aggressive in the housing projects and poor communities. So not only were people suffering from sickness and death because of the city and federal governments, but they were also being brutalized in their neighborhoods.

This, and the continued racist police killings around the US (more than 1 per day), led to the incredible insurrections we saw erupt after the killing of George Floyd.

In the aftermath of the uprisings Donald Trump wanted to put the blame on anarchists and antifa. This is a typical counter-insurgency tactic used in the US: identify the extremists and try to separate them from ‘the people’ and blame them for instability and uprisings. People who were arrested during uprisings report that they were questioned about antifa by Federal agents. Trump has had it out for antifa ever since the movement organized resistance to his campaign events, his inauguration, and some of his more egregious policy moves (like establishing the network of concentration camps around the country.)

In reality anarchists and antifascists were not responsible for this uprising. We are responsible for having solidarity with the black liberation struggle. We are also responsible for popularizing some phrases and the idea of police and prison abolition. But we are only responsible for any of this in that anybody with staunch anti-racist politics is responsible. The people responsible for this are the police, the prison operators, the capitalists and the political class who have ensured black life is meaningless in America. The white civil society that criminalizes black life is who is responsible. We simply stand with the resistance.

In actuality, the FBI recently released a report stating that anarchists were not responsible, but in their normal ridiculousness the blamed “gangs.” Trump was ready for all out war with the rebellion as well. The National Guard was called in and after the incredible fighters in Minneapolis fought back. Trump announced that the military would be used. At this point, military officials defied him and this was an interesting moment to see the cracks in the state. We will remember this for the future.

However a far more effective and pernicious form of repression has come from the left-wing political establishment. There was a concerted attempt by corporate media, democratic politicians, and non-profits. They organized demonstrations that appealed to liberal sentiments: reform not revolution, convinced police departments country-wide to do a public campaign of ‘taking a knee’ like the famous stance of Colin Kaepernick, spun a media narrative that looters were hurting people and attacking small businesses, taking advantage of true political dissent.

The idea was to funnel the energy of liberal protestors into something that served the Democrat’s agenda and created a base of power for them in their ongoing negotiations with the right wing Republicans. These attempts were far more effective in calming down the street movements. Where once you had peace police being sidelined in the demonstrations, now the peace police made up the bulk of the crowd.

However, this is a false peace. We can see from our experience in the streets that something has really changed. People have fought back against the oppressors, and have found incredible power in the streets. Now things are quieter, but this is a temporary situation because there is no reform that will fix the foundations of the state. People will rise again.

Finally, we ask you to leave a message from RAM to every revolutionary and anti-colonialist fighters in Brazil, a message to every combative and antifascist struggle emerging here against the genocidal and far right government of Jair Bolsonaro, allied with the neonazi government of Donald Trump.

RAM: Revolutionary greets comrades! Here in the United States we are facing one of the most technologically advanced, repressive, and violent states in human history. We are also living amongst a population with enormous fascist sympathies. Even against these odds we have managed to push this country to the brink! Donald Trump was cowering in a bunker in his basement like a coward. Every step backwards we have taken we have no taken huge steps forward.

We have followed the situation in Brazil closely and we have nothing but love and respect for you. We believe we understand your struggle well. We both have these vicious leaders in power, but if we keep fighting we will win. People are recognizing that we are right. Once these governments fall and these fascists are chased into their holes we can build a new dignified world. Solidarity comrades!

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