English Portuguese Spanish

Genocídio subnotificado: Covid-19 pode ter matado mais de 1 milhão de brasileiros

No último dia 21 de maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) admitiu em relatório que o número de mortos pela Covid-19 no mundo é até 3 vezes maior, estimando que a pandemia de Coronavírus matou entre 6 e 8 milhões de pessoas no mundo até o momento, considerando as mortes diretas e colaterais. A subnotificação é muito maior no sul global e nos países onde existe maior pobreza e condições precárias de vida, como é o caso do Brasil.

No país, pelos dados oficiais subnotificados, chegamos agora em 450 mil mortos na última semana de maio, sendo que existem pelo menos 150 mil mortes que faltam ser confirmadas por exames, registradas como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), ou seja, são 600 mil mortes de brasileiros considerando os dados oficiais.

A subnotificação das mortes por Covid-19 é desde o início da pandemia a política oficial do governo federal fascista e negacionista de Bolsonaro, assim como de grande parte dos governos estaduais e prefeituras, para atender aos interesses dos capitalistas e dos ricos, tentar minimizar o tamanho da nossa tragédia e não tomar as medidas sanitárias e sociais necessárias para salvar vidas.

O cálculo real das mortes por Covid-19 no Brasil envolve diversos fatores, mas precisa ser feito para dimensionar de forma mais realista o genocídio do povo brasileiro e a lógica criminosa dos governos e patrões. Considerando cerca de 30% de casos de reinfecção (como registrado na “segunda onda” em Manaus) e sendo de 14 à 16 vezes maior o número total de contaminados, os 16 milhões de casos no Brasil significam na verdade entre 155 e 180 milhões de brasileiros contaminados por Covid-19 uma vez ou mais, algo entre 75% e 85% da população total do país, e o número de mortes real é de no mínimo 940 mil mortos, podendo facilmente passar de 1 milhão de mortos, considerando a letalidade mínima de Covid-19 de 0,6% a partir do número geral de contaminados.

A naturalização da morte e o papel criminoso do governo de Jair Bolsonaro na gestão da pandemia são as marcas do que já é a maior tragédia da história do Brasil. Ao contrário de tudo que uma política séria de combate a Covid-19 que deveria ser feita com a testagem em massa, a preparação devida da rede de saúde pública, as medidas sanitárias necessárias e a garantia de um auxílio emergencial digno para o povo pobre e trabalhador, o governo negacionista e assassino de Bolsonaro e dos generais atuou para favorecer a contaminação e espalhar a doença, sendo responsável por milhares de mortes evitáveis. Boa parte dos governos estaduais que inicialmente adotaram medidas sanitárias, ainda que insuficientes, também cederam à pressão dos patrões e capitalistas, colocando o lucro dos ricos acima da vida do povo.

Trabalhadores e trabalhadoras da saúde, da limpeza e informais são as maiores vítimas da Covid-19 e do governo Bolsonaro/Mourão. Os transportes públicos lotados representam o maior vetor de contaminação, um crime contra a saúde pública também cometido por governos estaduais e prefeituras associadas às máfias que controlam os transportes coletivos no país.

Apenas a luta popular combativa e revolucionária pode vingar as mortes de nosso povo e fazer memória de nossos familiares e amigos perdidos pelas políticas de morte dos governos e patrões. Bolsonaro e todo o seu governo, os militares fascistas, os políticos corruptos, o judiciário cúmplice e o empresariado que sustenta seu governo precisam pagar pelos seus crimes, não apenas nos tribunais internacionais, mas também pela justiça popular e pela fúria do povo em revolta.

A unidade dos que lutam e a solidariedade popular precisam marcar a retomada das lutas nas ruas. Só a ação direta, a radicalização e a construção da Greve Geral e da rebelião popular podem vingar nossos mortos, derrotar o governo assassino de Bolsonaro e Mourão e fazer com que os ricos e os governantes sejam responsabilizados pelos seus crimes contra a saúde pública e a vida do povo brasileiro.

Referências:

Sobre o relatório da OMS, ver: https://www.dw.com/pt-br/total-de-mortes-por-covid-19-pode-ser-3-vezes-maior-diz-oms/a-57628094

Sobre a taxa de reinfecção na “segunda onda” em Manaus, ver: https://www.poder360.com.br/coronavirus/taxa-de-reinfeccao-pode-ter-chegado-a-31-na-2a-onda-da-pandemia-em-manaus/

Acerca da subnotificação de casos de Covid-19 no Brasil, ver: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2020/05/16/pesquisa-aponta-que-casos-da-covid-19-no-brasil-podem-ser-16-vezes-maiores e https://saude.abril.com.br/medicina/coronavirus-estimativa-aponta-numero-de-casos-14x-maior-do-que-o-oficial/

Sobre a taxa de letalidade real da Covid-19, ver: https://www.sanarmed.com/taxa-de-letalidade-real-da-covid-19-e-de-06-aponta-oms

Estudo internacional sobre a subnotificação de mortes no Brasil e no mundo, ver: https://valorinveste.globo.com/mercados/brasil-e-politica/noticia/2021/05/10/covid-19-ja-matou-595-mil-pessoas-no-brasil-46percent-a-mais-que-na-conta-oficial-diz-instituto.ghtml

Sobre as mortes por Covid-19 não confirmadas por falta de diagnóstico, que constam como SRAG, ver: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56529762

COMPARTILHE

LEIA AS ÚLTIMAS POSTAGENS EM NOSSO BLOG

Presidente Fred, o messias pantera

No início do ano letivo no campus leste da Escola Secundária Proviso, um colégio com maioria de estudantes negros em Maywood, nas proximidades de Chicago, em