Em 1º de abril de 1964, generais mercenários com apoio direto do imperialismo norte-americano, da elite reacionária católica, de políticos fascistas, de grande parte da burguesia brasileira, da mídia corporativa e de setores da classe média consumavam o Golpe de Estado que institucionalizou o terror no país. Derrubado o governo de João Goulart que tentava avançar em reformas estruturais de base, sem qualquer tipo de resistência por parte do trabalhismo e da direção covarde do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que confiavam em parte dos militares e na aliança com setores da burguesia, a brutal repressão se iniciou com assassinatos de militares que se recusaram a participar e colaborar com o golpe e se estendeu contra todos que ousaram lutar contra o novo regime de terror institucionalizado.
Mas a repressão não ficou sem reposta e as lutas combativas do povo avançaram. A partir de 1968, diversas greves operárias insurgentes, grandiosas manifestações estudantis e ações heroicas das organizações armadas revolucionárias desmoralizaram e desesperaram o regime dos carrascos militares. Com a decretação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968, a ditadura acabou até mesmo a oposição consentida e estendeu a repressão também contra artistas, personalidades públicas e a classe média.
Em mais de duas décadas de regime de terror a ditadura militar-empresarial corrupta e obscurantista assassinou, torturou, estuprou e sequestrou centenas e centenas de combatentes do povo, crianças, familiares de guerrilheiros também foram vítimas, mas não somente. A violência institucional e os crimes contra a humanidade foram generalizados. Enquanto fazia propaganda do seu “milagre econômico”, o regime aprofundou e produziu uma desigualdade social brutal, com carestia de vida e arrocho salarial, a dívida externa brasileira aumentou 30 vezes e os serviços públicos foram destruídos. A ditadura matou milhares de camponeses e criou diversos campos de concentração para pobres, negros, indígenas e “desajustados”, com assassinatos em massa, como no Holocausto de Barbacena, e bombardeio de povos indígenas com napalm. O regime de terror dos generais fascistas no Brasil assassinou dezenas de milhares de pessoas, muito além dos assassinatos políticos de cerca de 500 militantes e figuras públicas, que constam nos registros oficiais.
No fim dos anos 1970 um novo ascenso da luta de massas com importantes greves operárias desafiaram a ditadura e os patrões, mesmo com sindicatos dominados, além de radicalizadas lutas contra a carestia de vida e o desemprego com métodos insurgentes e a fundamental participação das mulheres das periferias desgastaram o regime em crise. No início dos 1980, sob uma grande crise econômica e fortes protestos populares, o país inicia a transição negociada entre os militares e a oposição burguesa, que garantiu a impunidade para os carrascos da ditadura e seus patrocinadores e manteve a estrutura de um Estado policial sobre os pobres e a maioria negra, produzindo essa democracia dos massacres, com governos de turno e gerencias neoliberais da “direita civilizada” e da “esquerda traidora” que seguiram usando instrumentos como a Lei de Segurança Nacional, a GLO, o encarceramento em massa e a brutalidade policial, abrindo o caminho para agora sermos governados novamente por militares mercenários e genocidas, milicianos, corruptos e apologistas da ditadura.
Nesses 57 anos do Golpe de Estado de 1º de abril, que instituiu o terror, criou e deu forma ao Estado policial e ao fascismo institucional que permanecem nos dias de hoje, é necessário lembrar dos nossos heróis e mártires, assim como, combater o mito de que a ditadura foi enfrentada principalmente por setores progressistas da classe média e artistas, pois quem dirigiu a luta revolucionária e armada contra o regime foram os melhores filhos e filhas do povo pobre e trabalhador brasileiro, operários, camponeses e estudantes que dedicaram suas vidas à causa do povo, entres eles, Carlos Marighella, Joaquim Câmara Ferreira, Virgílio Gomes da Silva, Clemente, Iuri Xavier Pereira, Luiz José da Cunha, Osvaldão, Helenira Preta, Devanir José de Carvalho, Mário Alves, Ângelo Arroyo, Pedro Pomar, Emmanuel Bezerra, Manuel Lisboa, Manoel Aleixo, Carlos Lamarca, Zequinha Barreto, Iara Iavelberg, Luís Antônio Santa Barbara e centenas de outros militantes revolucionários que integraram organizações como a ALN, VPR, AP-ML, MR-8, MRT, PCBR, COLINA, VAR-Palmares, PCdoB/FOGUERA, Ala Vermelha e outras.
Saudamos também nesse mês de abril, a memória histórica dos 50 anos da ação de justiçamento do sádico empresário Albert Boilesen, que financiava e acompanha sessões de torturas e assassinatos de militantes, por um comando da Ação Libertadora Nacional e do Movimento Revolucionário Tiradentes, em 15 de abril de 1971. É necessário retomar o caminho da luta revolucionária e radical contra a ditadura que permanece, o Estado policial genocida e a falsa democracia dos riscos. A luta é mesma porque a ditadura é mesma, como afirmava nosso querido Carlos Eugênio da Paz, o Comandante Clemente, da ALN.
JUSTIÇA POPULAR PARA OS CARRASCOS DA DITADURA E CAPITALISTAS!
ABAIXO O ESTADO POLICIAL E A DEMOCRACIA GENOCIDA! TODO PODER AO POVO!
VIVA OS 50 ANOS DO JUSTIÇAMENTO DE BOILESEN!
Comitê de Solidariedade Popular – Feira de Santana – Casa da Resistência – FOB – Coletivo Carranca – RECC – FOB-BA