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Matança, violência e genocídio na Bahia

Sangue escorrendo nas ruas, corpos alvejados e dezenas de famílias destruídas. O saldo da matança que fez Feira de Santana viver um clima de terror entre a tarde do último sábado e a noite de domingo é de 17 homicídios segundo os dados oficiais subnotificados, mas com informações dando conta de pelo menos 21 assassinatos nesses dois dias, que ocorreram na sequência da morte de um policial militar, após a tentativa de evitar um assalto na saída de uma festa na madrugada de sábado.

Pedra do Descanso, Rua Nova, Campo Limpo, SIM, Sítio Mathias, Cordeirópolis e outras comunidades pobres e de maioria negra registraram mortes violentas, a maioria com características de execuções sumárias, típicas da ação de grupos de extermínio que operam por dentro da Polícia Militar da Bahia, entre as vítimas estão menores de idade, quase todos jovens negros e boa parte sem antecedentes criminais, repetindo o fim de semana de terror em Salvador e região metropolitana onde foram registrados 31 assassinatos (segundo os dados oficiais), também após a morte de um policial. O revide policial, onde policiais produzem matanças como forma de vingar a morte de algum outro policial, se tornou uma normativa no acionar das policiais militares, e para além de acusar grupos de extermínio que operam clandestinamente como organizações paramilitares de extrema-direita, é preciso afirmar o óbvio, a própria Polícia Militar como instituição e tropa neocolonial que conduz uma guerra reacionária e racista contra o povo é em si, um grupo de extermínio.

O governo de Rui Costa (PT), o fascista que governa a Bahia em uma gestão supostamente de “esquerda”, em aliança com reacionários de toda espécie e sob o manto de lideranças corrompidas e movimentos cooptados, deu sequência e ampliou uma política de “segurança pública” genocida e criminosa, colocando a Bahia nas primeiras posições de todos os quadros estatísticos nacionais e internacionais de homicídios e letalidade policial, mesmo com o governo e a secretaria de segurança pública tentando esconder e camuflar os registros de assassinatos. Maurício Teles Barbosa, o carniceiro e responsável direito pelo holocausto e guerra racial que se produz no estado, atravessou os governos Jaques Wagner e Rui Costa na pasta da segurança e é provavelmente o secretário de segurança pública com mais mortes em uma gestão de secretária na história recente, com números reais que ultrapassam as 30 mil mortes.

A brutalidade policial que se justifica falsamente em um mentiroso combate ao tráfico de drogas e facções criminosas, produtos do narcoestado, é na verdade um mecanismo racista de controle militar e guerra contra um povo desarmado que se relaciona diretamente com a negação de direitos sociais, a dominação burguesa e a ofensiva neoliberal, conectado diretamente com a manutenção dos níveis de exploração e superexploração da classe trabalhadora e do proletariado marginal, ou seja, a guerra racial que atinge a maioria negra é um instrumental brutal e bárbaro necessário ao capitalismo em crise, que amplia suas formas de domínio e controle através da necropolítica. Na Bahia, em termos concretos, isso se traduz no maior índice de desemprego do país, e ao mesmo, no maior número absoluto de assassinatos.

É necessário denunciar e enfrentar o governo de Rui Costa e sua política de segurança racista e genocida, sustentada por chacinas, massacres e terrorismo racial. É urgente levantar uma campanha contra o terrorismo de Estado e em defesa da vida do nosso povo, reafirmando os métodos combativos e a independência para combater qualquer que seja a gerência do Estado burguês e supremacista, assim como, romper qualquer ilusão com o canto da sereia vindo da linha auxiliar e suas distrações, que também é responsável por sustentar esse governo. A Polícia Militar tem que acabar, uma corporação brutal e racista cuja função é conduzir uma guerra contra o povo não pode ser reformada ou humanizada. Organizar nosso povo e construir organismos de autodefesa popular, como nos mostra a experiência das polícias comunitárias e indígenas no México, continua sendo a única tarefa e saída possível para pôr fim ao massacre e a guerra reacionária, e como diz a rima do Contenção 33, “mostrar pros fí de Hitler que o gueto sabe dar o troco”. 

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